The Lurker e a questão do gênero (ou primum vivere, deinde philosophari)
E eis que ressurge o Adamastor, depois de três semanas desaparecido. Volta à casa e estranha o cheiro - o que terá se hospedado no buraco junto aos alicerces do edifício, enquanto ele estava de férias?
Ocorre que estas andanças parecem ter feito muito bem ao Adamastor: ele está _muito_ gordo. E o acúmulo adiposo nas regiões onde se encontra parece denunciar uma coisa diferente de um relax num SPA cheio de camundongos: ele não é ele... é ELA.
The Lurker says: Natura non facit saltus.
abril 11, 2003
abril 10, 2003
The Lurker e a prespectiva econômica(ou Sic transit gloria mundi)
São divertidos certos problemas que os economistas nos apresentam de vez em quando. Freqüentemente seus postulados se iniciam com frases tais como “tomemos por absurdo” ou “em um mundo ideal” ou ainda a famosa máxima latina “coeteris paribus”, que indica que ação deste fenômeno nenhum outro interfere. Premissas e teses que começam assim já não tem lá muita chance de sobreviver em um mundo real, não acadêmico. Entretanto, como início de conversa, servem lá para alguma coisa.
A propósito das discussões acerca da bagunça que o Júnior anda fazendo nas terras da Babilônia, tomemos por absurdo que o mundo tenha realmente se tornado aquilo que os teóricos andaram trombeteando há alguns anos atrás. Esqueçamos que, conceitualmente, a mídia não trata a globalização com a definição e a objetividade necessária, sendo o pobre apresentado pelas suas conseqüências, terminando muitas vezes em sentenças normativas ou em afirmações genéricas do tipo “aldeia global”.
Então, tendo em vista o tratamento dispensado pelos “irmãos do norte” ao “resto da aldeia” você, um(a) pataxó globalizado(a), resolveu aderir à execração pública do Tio Sam. Logo você mudou seu refrigerante, seu sandwich, mandou uma dezena de e-mails desaforados, enfiou o tênis Ni*e no fundo do armário, jogou ovos na estátua em frente ao shopping e, arfando em sua catarse contra o imperialismo, disse, como quem deu sua contribuição à sociedade, que estava fazendo a sua parte como cidadão engajado. Não me entenda mal, não estou defendendo postura nenhuma (ainda), apenas um outro nível de análise: você realmente cortou onde deveria? É suficiente mudar de carro, de tênis, de lanchonete para fazer a diferença? Para que isso impacte a “meca do consumo”?
Em um mundo ideal, talvez sim. Entretanto, na realidade não é só o seu sandwich que importa, nem mesmo quando somado aos de mais duzentas pessoas que você convenceu a fazer o mesmo. Isto não será perene. O que impacta realmente é, e sempre foi, a sua atitude e respeito, sobre a SUA própria cultura. O que faz mais diferença ainda é o quanto (e o que) se absorve do que vem de fora e isso acontece todo dia, nas pequenas coisas. De nada adianta chegar em casa e ligar sua tv a cabo para assistir Friends, minha cara, depois de ter ido a uma passeata pela paz. Pode não ser tão simples de ser percebido, mas o entranhamento dos valores externos aos nossos hábitos e junto aos “formadores de opinião”, incluindo-se aí os seus órgãos de divulgação, é muito grande. A pergunta é, então: o quanto você conhece do problema? E até onde está disposta(o) a ir para combatê-lo?
Se você eventualmente concluir que foi culturalmente absorvido(a) não se sinta de todo mal com isso, pois você está em muito boa companhia. Diversas das grandes sociedades modernas passaram por alguma forma de absorção em alguma fase de sua história: os franceses, anexados pelos romanos; os romanos (do oriente) pelos turcos; espanhóis pelos mouros; manchus pelos japoneses, etc, etc. A principal diferença entre o antes e o agora é a quantidade de informação disponível nestes tempos para que se reaja.
Em resumo, uma mudança de postura deste estilo dará muito mais trabalho do que atacar o consumo e tomará muito mais tempo e cuidados. Implicará resgatar o que foi deixado de lado porque o “do outro” era melhor. Vai demandar concessões que talvez você não queira fazer, e que você atente a coisas realmente importantes que estavam relegadas a segundo plano. Se você pensa que não é por aí, achou tudo isso muito disparatado, afirma que está perfeitamente sintonizado(a) com sua sociedade e seus ícones, vá em frente e faça um teste: cante agora o Hino Nacional inteiro - e não engasgue no “Deitado eternamente em berço explêndido”.
The Lurker says: QED - quod erat demonstrandum
São divertidos certos problemas que os economistas nos apresentam de vez em quando. Freqüentemente seus postulados se iniciam com frases tais como “tomemos por absurdo” ou “em um mundo ideal” ou ainda a famosa máxima latina “coeteris paribus”, que indica que ação deste fenômeno nenhum outro interfere. Premissas e teses que começam assim já não tem lá muita chance de sobreviver em um mundo real, não acadêmico. Entretanto, como início de conversa, servem lá para alguma coisa.
A propósito das discussões acerca da bagunça que o Júnior anda fazendo nas terras da Babilônia, tomemos por absurdo que o mundo tenha realmente se tornado aquilo que os teóricos andaram trombeteando há alguns anos atrás. Esqueçamos que, conceitualmente, a mídia não trata a globalização com a definição e a objetividade necessária, sendo o pobre apresentado pelas suas conseqüências, terminando muitas vezes em sentenças normativas ou em afirmações genéricas do tipo “aldeia global”.
Então, tendo em vista o tratamento dispensado pelos “irmãos do norte” ao “resto da aldeia” você, um(a) pataxó globalizado(a), resolveu aderir à execração pública do Tio Sam. Logo você mudou seu refrigerante, seu sandwich, mandou uma dezena de e-mails desaforados, enfiou o tênis Ni*e no fundo do armário, jogou ovos na estátua em frente ao shopping e, arfando em sua catarse contra o imperialismo, disse, como quem deu sua contribuição à sociedade, que estava fazendo a sua parte como cidadão engajado. Não me entenda mal, não estou defendendo postura nenhuma (ainda), apenas um outro nível de análise: você realmente cortou onde deveria? É suficiente mudar de carro, de tênis, de lanchonete para fazer a diferença? Para que isso impacte a “meca do consumo”?
Em um mundo ideal, talvez sim. Entretanto, na realidade não é só o seu sandwich que importa, nem mesmo quando somado aos de mais duzentas pessoas que você convenceu a fazer o mesmo. Isto não será perene. O que impacta realmente é, e sempre foi, a sua atitude e respeito, sobre a SUA própria cultura. O que faz mais diferença ainda é o quanto (e o que) se absorve do que vem de fora e isso acontece todo dia, nas pequenas coisas. De nada adianta chegar em casa e ligar sua tv a cabo para assistir Friends, minha cara, depois de ter ido a uma passeata pela paz. Pode não ser tão simples de ser percebido, mas o entranhamento dos valores externos aos nossos hábitos e junto aos “formadores de opinião”, incluindo-se aí os seus órgãos de divulgação, é muito grande. A pergunta é, então: o quanto você conhece do problema? E até onde está disposta(o) a ir para combatê-lo?
Se você eventualmente concluir que foi culturalmente absorvido(a) não se sinta de todo mal com isso, pois você está em muito boa companhia. Diversas das grandes sociedades modernas passaram por alguma forma de absorção em alguma fase de sua história: os franceses, anexados pelos romanos; os romanos (do oriente) pelos turcos; espanhóis pelos mouros; manchus pelos japoneses, etc, etc. A principal diferença entre o antes e o agora é a quantidade de informação disponível nestes tempos para que se reaja.
Em resumo, uma mudança de postura deste estilo dará muito mais trabalho do que atacar o consumo e tomará muito mais tempo e cuidados. Implicará resgatar o que foi deixado de lado porque o “do outro” era melhor. Vai demandar concessões que talvez você não queira fazer, e que você atente a coisas realmente importantes que estavam relegadas a segundo plano. Se você pensa que não é por aí, achou tudo isso muito disparatado, afirma que está perfeitamente sintonizado(a) com sua sociedade e seus ícones, vá em frente e faça um teste: cante agora o Hino Nacional inteiro - e não engasgue no “Deitado eternamente em berço explêndido”.
The Lurker says: QED - quod erat demonstrandum
abril 08, 2003
The Lurker and the happy life of middle management (ou... ou nada)
Essa é dedicada a uma pessoa a quem, por dever de ofício e teimosia superior, em breve serei obrigado a magoar dizendo coisas que não gostaria de dizer e fazendo coisas que não desejo.
It's Probably Me
Sting
If the night turned cold and the stars looked down
And you hug yourself on the cold cold ground
You wake the morning in a stranger's coat
No one would you see
You ask yourself, who'd watch for me
My only friend, who could it be
It's hard to say it
I hate to say it, but it's probably me
When your belly's empty and the hunger's so real
And you're too proud to beg and too dumb to steal
You search the city for your only friend
No one would you see
You ask yourself, who could it be
A solitary voice to speak out and set you free
I hate to say it
I hate to say it, but it's probably me
You're not the easiest person I ever got to know
And it's hard for us both to let our feelings show
Some would say I should let you go your way
You'll only make me cry
If there's one guy, just one guy
Who'd lay down his life for you and die
It's hard to say it
It's hard to say it, but it's probably me
When the world's gone crazy and it makes no sense
There's only one voice that comes to your defence
The jury's out and your eyes search the room
And one friendly face is all you need to see
If there's one guy, just one guy
Who'd lay down his life for you and die
It's hard to say it
I hate to say it, but it's probably me
I hate to say it
I hate to say it, but it's probably me
The Lurker says: Damn it.
Essa é dedicada a uma pessoa a quem, por dever de ofício e teimosia superior, em breve serei obrigado a magoar dizendo coisas que não gostaria de dizer e fazendo coisas que não desejo.
It's Probably Me
Sting
If the night turned cold and the stars looked down
And you hug yourself on the cold cold ground
You wake the morning in a stranger's coat
No one would you see
You ask yourself, who'd watch for me
My only friend, who could it be
It's hard to say it
I hate to say it, but it's probably me
When your belly's empty and the hunger's so real
And you're too proud to beg and too dumb to steal
You search the city for your only friend
No one would you see
You ask yourself, who could it be
A solitary voice to speak out and set you free
I hate to say it
I hate to say it, but it's probably me
You're not the easiest person I ever got to know
And it's hard for us both to let our feelings show
Some would say I should let you go your way
You'll only make me cry
If there's one guy, just one guy
Who'd lay down his life for you and die
It's hard to say it
It's hard to say it, but it's probably me
When the world's gone crazy and it makes no sense
There's only one voice that comes to your defence
The jury's out and your eyes search the room
And one friendly face is all you need to see
If there's one guy, just one guy
Who'd lay down his life for you and die
It's hard to say it
I hate to say it, but it's probably me
I hate to say it
I hate to say it, but it's probably me
The Lurker says: Damn it.
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